Itajaí viveu um dia histórico nesta quarta-feira, com o início das obras de demolição do antigo presídio do bairro Nossa Senhora das Graças, o Matadouro. A demolição era esperada pela comunidade desde 2019, quando o então presídio feminino foi desativado com a transferência das detentas para o complexo prisional da Canhanduba.

Desde o fechamento da prisão, os moradores cobravam uma destinação para a área, que sofria com invasões e servia pro tráfico e uso de drogas. “Agora, nós vamos dar vida pra isso aqui. O primeiro o é derrubar – foi uma conquista nossa em conjunto com o governador Jorginho Mello [PL] – e depois vamos construir espaços importantes para a comunidade”, disse o prefeito Robison Coelho (PL).

A derrubada do antigo presídio dá sequência às ações da prefeitura no bairro, com a Operação Recomeço, contra a criminalidade e pela segurança na região. “Pacificamos essa região, fizemos obras importante de drenagem e agora vamos construir espaços de arte, lazer, cultura e esporte, coisas importantes, mas discutindo em conjunto com a comunidade”, completou.

O projeto de revitalização da área prevê a abertura e reurbanização da rua Pedro José João ando pelo terreno do presídio e se interligando com a comunidade da Vila da Paz. O trecho também ganhará iluminação pública. “A gente vai melhorar e capacitar pra que tenha transporte público futuramente aqui, pra que comércios possam se desenvolver”, explicou o secretário de Urbanismo, João Paulo Kowalsky.

Ele garantiu que será discutido com os moradores os equipamentos públicos que a comunidade precisa no local pra que a área seja revitalizada. “Pra que seja realmente um ponto de virada, seja uma ressignificação desse espaço e aqui seja a transformação do Nossa Senhora das Graças num dos melhores bairros pra se morar em Itajaí”, afirma.

Os trabalhos de demolição começaram com as máquinas da secretaria de Obras na área das antigas celas do presídio. Conforme o secretário Tarcísio Zanelatto, a previsão é que a derrubada seja concluída em uma semana. Depois, haverá a etapa de retirada dos escombros e limpeza do terreno.

Revitalização é esperada há mais de 10 anos

Projeto é que área seja revitalizada pra população do bairro (Foto: João Batista)

Diversas propostas pra ocupação do espaço serão discutidas com a comunidade do Matadouro. A área poderá receber posto de saúde, creche, escola ou parque, entre outros equipamentos públicos. Será marcada uma reunião com representantes da prefeitura e da associação de moradores para definir as melhorias.

O pedreiro Giovani Prust, de 32 anos, que mora a vida toda no Matadouro, vizinho do presídio, comemorou a derrubada da estrutura, que era motivo de preocupação. Ele defende que o espaço seja usado como área de lazer, com parquinho infantil.

“Seria uma bênção pra nós e uma coisa muito boa para as crianças”, disse. Ele observa que um postinho de saúde ou uma creche também seriam bem-vindos, porque atenderiam à demanda da população que vive na comunidade. Hoje, é o posto da Univali que atende o bairro inteiro e parte do centro.

Há mais de 10 anos os moradores esperam um projeto para a área. O fechamento do presídio foi cobrado em 2013 pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A desativação chegou a ser anunciada pra 2017, mas o processo atrasou e a mudança só rolou em 2019, após o término do novo presídio feminino no complexo da Canhanduba.

A prefeitura tinha interesse na área desde 2016, quando chegou a apresentar proposta de construir um centro comunitário no local. O presídio era sinônimo de insegurança e chegou a sofrer com um incêndio que destruiu o setor istrativo, berçário e oficina em 2019. O caso serviu pro processo de desativação ser agilizado. Após a fechamento, porém, o local ficou abandonado, aguardando uma destinação final.