O mundo acordou na segunda-feira com a notícia de que o papa Francisco morreu aos 88 anos. A partida do pontífice foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo do Vaticano. “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, escreveu.

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, nasceu em dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina. Ele foi o primeiro papa latino-americano, jesuíta e da era moderna a assumir o papado. O pontífice marcou a história da igreja católica ao assumir o papado após a renúncia de Bento XVI.

Ele morreu às 7h35 do horário local, às 2h35 no horário de Brasília. Em seu comunicado, o cardeal Farrell ainda destacou que Francisco “nos ensinou a viver os valores do evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”.

O papa argentino ou quase 40 dias internado no hospital Gemelli com pneumonia em ambos os pulmões. A condição poderia inflamar e cicatrizar os órgãos, dificultando a respiração. Durante a internação, ele sofreu uma crise respiratória prolongada e precisou de transfusões de sangue após a baixa contagem de plaquetas.

Ele foi liberado no final de março após não ter nenhum novo episódio de crise respiratória. Entretanto, os médicos alertaram que o prognóstico do papa era reservado e que ele ainda não estava fora de perigo.

À frente da igreja católica por quase 12 anos, Francisco foi o papa 266. Ele foi eleito no segundo dia de conclave, em 13 de março de 2013, contra sua própria vontade.

Em sua última aparição aos fiéis, Francisco deixou uma mensagem de amor e pedido pelo fim das guerras. “Não podemos estacionar nosso coração nas ilusões deste mundo nem fechá-lo na tristeza. Temos de correr, cheios de alegria”, escreveu o pontífice na homilia. Ele leu a mensagem durante a missa de Páscoa na Basílica de São Pedro.

Milhares de fiéis se reuniram na praça de São Pedro, no Vaticano, para ouvir as bênçãos do papa. Da sacada, o líder da igreja católica acenou para os fiéis e desejou feliz Páscoa. Ele também desceu e percorreu a praça com o papamóvel, dando bênçãos e pegando crianças no colo.

Vaticano confirma morte do papa por AVC e colapso cardiovascular

O boletim médico oficial divulgado nesta segunda-feira pela Santa Sé informa que o papa Francisco foi vítima de acidente vascular cerebral (AVC), seguido por coma e colapso cardiovascular irreversível.

O relatório de óbito é assinado pelo professor Andrea Arcangeli, diretor de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano. “Declaro que as causas da morte, segundo meu conhecimento e consciência, são aquelas indicadas acima”, afirmou Arcangeli no relatório.

A morte foi constatada por meio de registro eletrocardiotanatográfico, método que identifica o momento exato da parada cardíaca. Ela foi confirmada às 7h35, no horário local do Vaticano, o equivalente a 2h35 pelo horário de Brasília.

O documento também informa que o papa apresentava histórico clínico de insuficiência respiratória aguda, pneumonia multimicrobiana bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão arterial e diabetes tipo 2.

Saiba quais são os próximos os após a morte do papa

Após 12 anos de papado, a igreja terá entre 15 e 20 dias para iniciar o conclave e eleger um novo pontífice. A cerimônia reunirá cardeais de diversas partes do mundo para escolher o sucessor.

Antes da eleição, acontece o funeral de Francisco  com um protocolo litúrgico definido por ele mesmo, em abril de 2024. Com as mudanças que implementou, o sepultamento deve acontecer entre o 6º e o 10º dia.

O papa Francisco também expressou o desejo de ser enterrado em um único caixão de madeira revestido de zinco, rompendo com a tradição de três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho.

Pela primeira vez, a sepultura será na Basílica de Santa Maria Maggiore, uma das mais importantes igrejas marianas de Roma.

Encerrado o funeral, começa o período chamado novemdiales, com nove dias consecutivos de missas e orações pela alma do papa. Somente após essa etapa, os cardeais iniciam as reuniões para o conclave.

Durante o período em que a igreja permanece sem papa, chamado de Sé Vacante, nenhum documento pode ser assinado em nome do pontífice. A istração da igreja fica a cargo do camerlengo, função exercida pelo cardeal Kevin Farrell, responsável por divulgar a notícia da morte do papa.

Os 136 cardeais eleitores com até 80 anos devem chegar ao Vaticano nos próximos dias. O conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte do papa, tempo necessário para a chegada de todos os votantes.

Durante o conclave, os cardeais ficarão hospedados na Casa Santa Marta, sem o a telefones ou internet. O processo é sigiloso e acontece na Capela Sistina.

Cada cardeal escreve, em segredo, o nome do escolhido em uma cédula. A votação acontece duas vezes pela manhã e duas à tarde. O processo só termina quando um dos cardeais recebe dois terços dos votos.

Com o novo papa definido, a tradicional fumaça branca toma conta do céu romano e é acompanhada pela frase “Habemus Papam”. O cardeal eleito escolhe seu nome papal e é apresentado ao mundo na sacada central da Basílica de São Pedro.

Brasil, SC e prefeitos da região decretaram luto

A prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), e o prefeito de Camboriú, Leonel Pavan (PSD), decretaram luto oficial de três dias nas cidades em respeito a morte do papa Francisco.

A homenagem é um modo de reconhecer a importância histórica, espiritual e humanitária que o papa Francisco teve em sua trajetória. “Mais do que um líder religioso, o papa Francisco foi uma voz de esperança, justiça e compaixão. Seu legado ultraa fronteiras e deixa uma marca profunda”, justificou Juliana. Durante o período de luto oficial, a bandeira do município será hasteada a meio mastro em todos os prédios públicos.

Já em Camboriú, o prefeito Pavan, além de manter as bandeiras das repartições públicas hasteadas a meio mastro em sinal de respeito, faz um convite a população a refletir sobre o legado deixado pelo santo padre, especialmente seu compromisso com os mais pobres e com a justiça social.

O governador Jorginho Mello (PL) usou as redes sociais para lamentar a morte do papa Francisco. O governador também decretou luto oficial de três dias em Santa Catarina. “Em homenagem ao papa Francisco, em respeito à igreja e aos milhares de catarinenses católicos”, escreveu.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou luto oficial de sete dias em território nacional. Em nota compartilhada nas redes sociais, o presidente exaltou o legado do pontífice argentino e lamentou profundamente a perda do que considerou “uma voz de respeito e acolhimento ao próximo”.

Os prefeitos de Itajaí e Navegantes, Liba Fronza (PSD) e Robison Coelho (PL), lamentaram a morte, mas não decretaram o luto oficial nas cidades.