O casal Rino Pieralini Neto, 52 anos, e Carem Cristina Zimmer, 53, acusado de ser dono de um canil clandestino de animais, se defende das acusações e aponta uma série de supostas irregularidades na ação do Instituto Itajaí Sustentável (Inis), da Vigilância Sanitária e da Guarda Municipal. A ação foi em fevereiro deste ano, no canil do bairro Brilhante 2, em Itajaí. Os donos do centro de treinamento Vale do Catellus alegam que a prefeitura não devolveu os cachorros de raça, prendeu arbitrariamente o dono do local e que alguns dos cães apreendidos morreram em posse do Inis.

Em dois dias de ação no canil foram levados 62 cães, sendo 30 adultos e 32 filhotes de quatro dias a sete meses, a maioria de raça, como pastor belga malinois, pastor alemão, São Bernardo, cane corso, american pit bull terrier, rottweiler e golden retriever. Os vira-latas que estavam no canil, um pitbull adulto e castrado e um salsichinha permaneceram no local. “Se tinha maus-tratos por que devolveram alguns animais?”, questionou.

Mais de dois meses após a operação, foram devolvidos oito cães adultos castrados, entre eles uma rottweiler que estava grávida. “Não sabemos a destinação dos cachorros. Supostamente morreu uma ninhada inteira de nove bebês malinois, três bebês São Bernardo e uma malinois gestante que castraram”, afirma a advogada Maria Helena, da Spronello Advocacia, que defende o casal das acusações de maus tratos feitas pelo Inis. Maria Helena afirmou que todos os cães adultos estavam saudáveis e que os seus clientes têm diversos exames comprovando que, além de estarem com a saúde em dia, os animais não sofriam maus tratos.

A dona do canil afirma que toda a ação foi registrada pelas câmeras de segurança e que as irregularidades começaram já na abordagem. “As câmeras comprovam a retirada de quase todos os cães e a devolução de somente oito animais castrados. Meu marido foi preso e ficou três dias na Canhanduba como criminoso”, acusa. Para Rino sair do presídio, a esposa conta que precisou fazer uma vaquinha para arrecadar os R$ 2,5 mil e pagar a fiança.

A advogada Maria Helena acredita que o mais grave foi a prisão de um adestrador, acusado de maus-tratos a animais. “Uma pessoa que sobrevive da profissão de adestrador, que foi solta com medida cautelar de não poder ficar mais perto de animais, nem exercer sua profissão...”, afirmou.

A defensora afirma que o casal já estava cumprindo exigências feitas pelo departamento de meio ambiente da prefeitura. “Temos mensagens de dias antes da prisão, da funcionária do Inis falando que o local estava bem melhor com as modificações que tinham sido feitas”, contou Carem.

O casal diz que estuda processar o município de Itajaí. “Teve a questão criminal de maus-tratos, temos que concluir a ação penal. Muitos esclarecimentos ainda precisam ser feitos. Uma vez provadas todas as irregularidades da prisão e a inocência do senhor Rino, vamos buscar na esfera civil o reparo dos danos causados, materiais e morais”, adiantou a advogada. Uma audiência istrativa está marcada para 16 de maio.

A Prefeitura de Itajaí informou, via assessoria de imprensa, que o processo istrativo segue em andamento. Detalhes da apuração não foram divulgados.

A versão do casal

Segundo Carem, uma vizinha fez a denúncia à prefeitura porque se incomodava com os latidos. O casal afirma que iniciou melhorias no canil conforme orientação do Inis. Carem garante que tem licença para funcionar como canil e centro de treinamento. “O sítio não tem habite-se, por questão de burocracia, mas não é clandestino. Temos adestrador e fizemos uma série de melhorias solicitadas pela prefeitura”, explicou. Os animais, contam os donos, eram acompanhados por uma clínica veterinária do bairro Itaipava.

A apreensão dos cães foi em 19 e 20 de fevereiro. No segundo dia, os servidores devolveram alguns cães castrados e levaram outros, entre eles três berneses e quatro golden retrievers – uma delas grávida. “Só que essa turma eles não devolveram, sumiram com os cachorros. Eu tenho uma filmagem aqui no meu celular, tenho o endereço e a foto do muquifo onde está essa minha cachorra Sky. Eu te pergunto, castraram minha cadela grávida? Ou deixaram ela ganhar? E fizeram o que com os bebês? Cuidaram dos bebês e doaram? Eu quero saber onde estão meus cachorros!”, questiona.

Os donos do canil teriam sido informados pelos funcionários do Inis que morreu a ninhada de nove bebês malionois, três bebês São Bernardo e uma mali gestante (que castraram). “Já tem 14 mortes. Eu tenho a lista certinha. Os três filhotes de 17 dias morreram. Toda a ninhada do malinois morreu. Será que morreram mesmo?”, questiona Carem.